Resenha. "Jesus, O Maior Psicólogo Que Já Existiu". Mark W. Baker. Editora Sextante.
▪︎ Essa obra, relata como os ensinamentos de Jesus podem nos ajudar a resolver os problemas do cotidiano e glorificar nossa saúde emocional, nossos sentimentos e relacionamentos, a repensar atitudes e a praticar o perdão, a solidariedade e a lealdade, valorizando nossas vidas, tendo em mente o amor e a harmonia.
Um livro que promove a reconciliação entre Jesus e Freud.
Mark Baker busca no poder do Evangelho uma luz para iluminar os recantos mais obscuros do Espírito humano.
Jesus, o maior psicólogo que já existiu faz uma abordagem original da relação entre ciência e religião, ligando os principais ensinamentos de Jesus às descobertas recentes da psicologia.
Em uma linguagem simples e cativante, Mark Baker mostra que, seja qual for a nossa crença religiosa ou filosofia de vida, todos podemos nos beneficiar da sabedoria daquele que, como diz o autor, foi o maior psicólogo de todos os tempos. ▪︎
À Introdução
Jesus disse: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!" (João 8:32)
▪︎ Jesus entendia e compreendia as pessoas. Sabemos disso porque talvez ele seja quem mais influenciou a história. Culturas foram formadas, guerras travadas e vidas transformadas em decorrência do seu ministério há mais de dois mil anos.
O psicólogo, Mark Baker, depois de estudar muitos anos, conclui que se compreendêssemos psicologicamente os ensinamentos de Jesus poderíamos entender por que suas palavras exerceram um impacto tão profundo nos seus seguidores. As teorias psicológicas atuais nos permitem perceber que o fato de Jesus compreender tão profundamente as pessoas fazia com que elas quisessem ouvi-lo.
É admirável constatar como os pontos de concordância entre os princípios espirituais e os emocionais podem favorecer a saúde tanto emocional quanto física.
Freud considerava a religião uma muleta que as pessoas usam para lidar com seus sentimentos de desamparo. Alguns psicólogos encaram a religião com um culto que limita o potencial humano, e pela mesma razão algumas pessoas religiosas olham a psicologia com preconceito.
Mark Baker coloca em que a animosidade existente em ambos os lados deste conflito tem origem no medo. O medo dificulta o entendimento. É necessário que as pessoas parem durante algum tempo de se sentir ameaçadas para que consigam escutar umas às outras e comecem a atingir um entendimento mútuo.
Felizmente, psicólogos contemporâneos estão reavaliando muitas das ideias de Freud, inclusive seu preconceito em relação à religião.
É fascinante os pontos de concordância entre as teorias contemporâneas e os ensinamentos de Jesus.
Os estudos que Mark fez sobre as teorias psicanalíticas contemporâneas possibilitaram interpretar as palavras de Jesus sob um novo ponto de vista que enriqueceram a sua vida e a vida de seus pacientes.
Neste livro, o autor explora de outra perspectiva algumas das parábolas mais conhecidas para aprender algo novo a respeito da sabedoria e virtudes de Jesus à luz do pensamento psicológico contemporâneo. ▪︎
"Eu vim para que eles tenham vida, e a tenham em abundância." (João 10:10)
▪︎ A reconciliação cura as feridas da nossa alma. A amargura e a raiva afetam todos os relacionamentos.
Jesus via o trabalho de sua vida como a reconciliação da humanidade com Deus.
As Escrituras Judaicas ensinavam que Adão e Eva haviam sido expulsos do Jardim do Éden por terem desobedecido a Deus.
Do ponto de vista teológico, esse evento foi chamado de Queda, porque a humanidade caiu em desventura em relação a Deus. A missão de Jesus era mostrar-nos o caminho de casa.
Mark Baker, recita quando pensa nessa "Queda" a partir de uma perspectiva psicológica: "De onde eles caíram?"
A resposta que Jesus daria é a seguinte: "De um relacionamento com Deus." O que a humanidade perdeu no Jardim do Éden foi o relacionamento íntimo com Deus.
Jesus viu a si mesmo como a ponte entre Deus e a humanidade. Essa foi a nossa redenção, o nosso relacionamento restaurado com Deus.
A vida seria bem melhor se pensássemos com mais frequência que a nossa salvação consiste em restabelecer os relacionamentos rompidos.
Quando um relacionamento se rompe, a maioria das pessoas se preocupa em descobrir quem está errado.
Quando somos feridos, procuramos logo o culpado, querendo que pague por isso.
Jesus, por outro lado, achava que as situações poderiam ser reparadas a partir do que damos aos outros e não do que recebemos deles como forma de pagamento.
Princípio Espiritual: Nós nos salvamos restaurando os relacionamentos. ▪︎
"Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica pior. Nem se põe vinho novo em odres velhos. Do contrário, rompem-se os odres, o vinho escorre e os odres se perdem. Mas coloca-se o vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam." (Mateus 9:16-17)
▪︎ Jesus ensinou que as pessoas que estão amadurecendo são sempre capazes de mudar sua maneira de pensar a respeito das circunstâncias.
À medida que nos desenvolvemos e mudamos, antigas convicções inflexíveis são destruídas e deixam de funcionar para nós, assim como um odre velho se rompe quando o enchemos com vinho novo que então se expande.
As crenças que existem em nosso inconsciente são chamadas de princípios organizadores.
À medida que passamos pela vida, acumulamos crenças a respeito de nós mesmos e do mundo que nos cerca.
Esses princípios organizadores agem automaticamente, na maior parte das vezes sem que percebamos, determinando nossas escolhas e reações, e são a base da nossa auto-estima.
É somente quando nos tornamos conscientes desses princípios organizadores inconscientes que podemos abrir espaço para novas convicções.
Essa tomada de consciência promove o crescimento, assim como um odre novo acolhe o vinho novo.
O crescimento humano é como o vinho novo. E Jesus tinha um objetivo. Estava decidido a tornar as pessoas conscientes do seu relacionamento com Deus.
Jesus sabia que crenças antigas e inflexíveis são como os velhos odres que se rompem e não funcionam na presença do crescimento.
Ele sabia que é necessário descobrir que as nossas antigas crenças precisam mudar se quisermos usufruir os benefícios do desenvolvimento.
Como diz o antigo ditado: "Quanta água você consegue colocar em um barril de óleo de vinte litros? Nenhuma. Primeiro temos que tirar um pouco do óleo."
Princípio Espiritual: As pessoas sábias estão sempre abertas a novas ideias e crenças, e até a respeito de si mesmas. ▪︎
Jesus usava parábolas para nos obrigar a lidar com as nossas crenças, e não com nossos raciocínios lógicos.
Jesus dizia o que queria através de simples histórias. Falava de um modo que levava as pessoas a ouvirem, porque sabia o que as fazia querer escutar.
Jesus compreendia a forma de pensar das pessoas. Ele foi um dos maiores professores da história porque sabia que cada pessoa só pode compreender as situações a partir da sua perspectiva pessoal. Por isso, ele ensinava por meio de parábolas.
A parábola é uma história que nos ajuda a compreender a realidade. Podemos extrair dela as verdades que formos capazes de entender e aplicá-las em nossas vidas.
À medida que crescemos e evoluímos, podemos rever as parábolas para descobrir novos significados que nos guiem em nossos caminhos.
As parábolas não alteram os fatos da nossa vida - elas nos ajudam a olhá-los de outra maneira. Era o que Jesus pretendia ao contar as parábolas.
Princípio Espiritual: Só podemos entender as coisas a partir da nossa própria perspectiva. ▪︎
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida." (João 14:6)
▪︎ Jesus sabia que as pessoas jamais poderiam entender completamente a vida se usassem apenas o intelecto. Ele não dizia: "Vou ensinar a vocês o que é a verdade." Ele dizia: "Eu sou a verdade." Ele sabia que a mais elevada forma de conhecimento decorre dos relacionamentos em que existe confiança mútua, e não de grandes quantidades de informação. Jesus respondia às perguntas diretas com metáforas para atrair as pessoas para um diálogo e um relacionamento com Ele.
Este princípio espiritual - que aprendemos as verdades mais profundas da vida através dos nossos relacionamentos - é a base da forma em que Mark Baker pratica a terapia.
Todos temos ideias conscientes e inconscientes que afetam a maneira como percebemos o mundo.
É psicologicamente impossível colocar completamente de lado a influência da nossa mente sobre a maneira como percebemos as situações, sobretudo porque na maioria das vezes não temos consciência de que tudo o que conhecemos intelectualmente passa pelo filtro das nossas crenças.
A terapia proporciona às pessoas um relacionamento que pode levá-las a se conhecerem melhor, descobrindo, assim, às outras verdades da sua vida.
Princípio Espiritual: Aprendemos as verdades mais profundas através dos nossos relacionamentos. ▪︎
"A sabedoria é demonstrada pelas suas ações."
▪︎ As pessoas valorizam demais a objetividade. Dizemos concepções como: "Por favor, limite-se a me apresentar os fatos", como se obter os fatos fosse realmente o mais importante a ser feito.
Conclusões baseadas em fatos objetivos nos conferem uma sensação de segurança. No entanto, para Jesus, agir com sabedoria era muito mais importante do que acumular fatos objetivos. Para Ele, o conhecimento devia se traduzir sempre nos atos e não nos discursos racionais. Foi isso que Ele quis dizer quando falou: "A sabedoria é demonstrada pelas suas ações."
Podemos estar objetiva e racionalmente certos a respeito de algo que tem consequências devastadoras nos nossos relacionamentos com os outros, mas a sabedoria vai sempre considerar os resultados das nossas ações.
Jesus ensinou que insistir em chegar aos fatos objetivos sobre os acontecimentos às vezes pode ser perigoso. Guerras foram deflagradas, religiões divididas, casamentos terminados, crianças repudiadas e amizades desfeitas por causa dessa atitude.
Às vezes, vencer numa discussão pode nos custar um relacionamento.
Podemos ter razão ou podemos ser felizes.
Princípio Espiritual: Busquem mais a sabedoria do que o conhecimento. ▪︎
"Não condeneis e não sereis condenados." (Lucas 6:37)
▪︎ Mark Baker introduz a esse tema uma metáfora de uma antiga história a respeito de três cegos que encontraram um elefante. Quando lhes foi pedido que descrevessem o animal, cada um disse uma concepção diferente. Um afirmou que o elefante era como uma grande mangueira; o segundo, que ele parecia um cabo de vassoura; e o terceiro, que ele se assemelhava ao tronco de uma árvore. Cada um descreveu o animal a partir da sua perspectiva. Nenhum deles estava certo ou errado; todos estavam expondo o seu ponto de vista pessoal.
Somos humildes quando percebemos que somos como os cegos, limitados na nossa capacidade de perceber as realidades que estão bem diante de nós.
Jesus nos advertiu das armadilhas que encontramos ao julgar os outros. Ele sabia que nossos julgamentos se baseiam em informações distorcidas por nosso modo de ser e que não correspondem necessariamente à realidade.
Precisamos acreditar que sabemos a verdade completa a respeito das perspectivas e das pessoas para nos sentirmos seguros, achando que dominamos completamente a situação e que nada novo virá nos perturbar.
Esse temor do desconhecido é a base da intolerância. Ele nos leva a julgar e rotular pessoas e situações. Quando sentimos esse tipo de medo, condenamos o que não compreendemos.
Princípio Espiritual: Ao julgar os outros, nós nos condenamos. ▪︎
▪︎ Como sabemos se uma macieira é saudável e está crescendo? Pela qualidade dos frutos.
Jesus sabia que o mesmo era verdade no caso das pessoas. Podemos achar que estamos nos desenvolvendo, ou dizer que estamos, mas nos enganarmos. Ou então podemos pensar que estamos fazendo um grande progresso na vida, mas depois descobrir que o crescimento só aconteceu quando nos tornamos conscientes de nós mesmos.
Jesus estava mais interessado em convidar as pessoas a terem um relacionamento com Ele do que em defender uma filosofia.
O fato de as pessoas compreenderem as situações não era bastante para Jesus; Ele queria que elas se relacionassem amorosamente com Deus e com os outros.
Jesus ensinava que as pessoas só conhecem a si mesmas quando se sentem amadas por Deus. Ele acreditava que só podemos realmente entender sua mensagem quando há um encontro pessoal. Assim, o crescimento que sentimos por sermos amados nos prepara para tomarmos consciência do que isso significa.
Princípio Espiritual: O crescimento de nós mesmos é fruto do crescimento pessoal. ▪︎
"Por que seus corações são tão duros?" (Marcos 8:17)
▪︎ Os princípios organizadores têm um aspecto positivo. Não poderíamos funcionar sem os princípios que desenvolvemos a partir das lições que aprendemos na vida. O aspecto negativo é fixar-se neles e recusar-se a mudar.
Jesus ensinou que o pensamento rígido é prejudicial aos relacionamentos, porque precisamos ser abertos e sensíveis aos outros. Ele acreditava que a mente fechada é na verdade um problema do coração das pessoas, uma forma de insegurança e de defesa.
Mark Baker, reflete enquanto psicólogo, no que Jesus estava tentando fazer as pessoas perceberem, acha que Ele procurava levá-las a descobrir que os princípios organizadores inconscientes não são maus por si.
Jesus não queria que as pessoas jogassem fora suas antigas leis e convicções, queria que elas acrescentassem outras às que já tinham e se dispusessem a mudar. Ele ficava frustrado com as pessoas que não queriam aprender nada novo. Aqueles que afirmam "saber tudo" fazem isso porque estão presos a princípios organizadores inconscientes e têm medo de mostrar qualquer ignorância.
Princípio Espiritual: Os donos da verdade precisam descobrir a verdade a seu respeito. ▪︎
"É na fraqueza que meu poder é mais forte." (2 Coríntios 12:9)
▪︎ Nós, psicólogos, não falamos sobre o passado por termos um interesse mórbido por circunstâncias dolorosas. Tentamos entender os acontecimentos passados para poder determinar até que ponto eles ainda estão vivos e ativos no inconsciente no momento presente.
Viver presos a princípios organizadores inconscientes faz com que vivamos no passado. É somente ao examinar as crenças inconscientes moldadas pelo nosso passado que podemos ficar livres para desenvolvermos novas convicções de que necessitamos no presente. Se não desenvolvermos novos pontos de vista, não teremos outra alternativa senão seguir as antigas convicções.
Jesus ensinava o que os psicólogos acreditam hoje: que é melhor escolher conscientemente o que acreditamos no presente do que seguir inconscientemente os padrões do passado.
As pessoas espiritualmente vivas estão amadurecendo e aprendendo sobre o novo.
Jesus ensinou que a evolução espiritual não é um objetivo que possamos alcançar sozinhos. Precisamos de Deus e dos outros. Esta necessidade não é um sinal de fraqueza, e sim o começo da força.
A verdade é que não podemos nos conhecer o suficiente sozinhos. Os princípios organizadores inconscientes que moldam nossa vida estão essencialmente fora do alcance da nossa percepção. Precisamos de outra pessoa que nos revele entendimentos ao nosso respeito que não conseguimos ver.
Jesus estabeleceu uma distinção entre as pessoas que estavam interessadas em mudar a própria vida e aquelas que não estavam. Ele disse: "Quem tem ouvidos, ouça." Ele partia do princípio de que todo mundo era capaz de mudar e oferecia às pessoas a oportunidade de evoluir baseada na disposição de aceitá-la.
Princípio Espiritual: A coragem não é a ausência do medo e sim a presença da fé apesar do medo. ▪︎
"Tome a sua cruz e siga-me de perto." (Marcos 8:34)
▪︎ O processo de crescimento não apaga os nossos princípios organizadores. Nós nos lembramos do passado, mesmo que escolhemos nos libertar dele. Pode ser que em determinadas circunstâncias nos sintamos tentados a reagir da maneira antiga. Não podemos transformar imediatamente nossos antigos princípios organizadores em novos, mas podemos aprender a nos apoiar em outros até que os antigos se tornem uma memória distante.
Jesus ensinou que o crescimento envolve um árduo trabalho. Precisamos estar preparados para assumir a nossa parte de responsabilidade se quisermos colher a recompensa.
Jesus falou sobre o processo de transformação espiritual como uma tarefa que precisamos abraçar rapidamente todos os dias. Ele convidava as pessoas para "tomarem a cruz" porque sabia que se tratava de um processo trabalhoso. Ele não oferecia às pessoas uma mudança instantânea. A vida melhor era para Ele a própria decisão de percorrer o caminho difícil para segui-lo de perto. Esta escolha é a constante evolução humana.
Princípio Espiritual: As mudanças rápidas são frequentemente temporárias, mas o crescimento lento transforma profundamente. ▪︎
"Um certo homem tinha dois filhos e o mais moço deles disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence.' ... E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali dissipou os seus bens, vivendo dissolutamente. ... Caindo em si, disse: 'Vou partir em busca do meu pai e lhe direi: - Pai, pequei contra o céu e contra ti.'
Mas quando ainda estava longe o pai o viu e, comovido, lhe correu ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. ... O pai disse aos seus criados: 'Rápido! ... Alegremo-nos e celebremos, porque este meu filho estava morto e reviveu, tinha -se perdido e foi encontrado.' " (Lucas 15:11-24)
▪︎ Na parábola do filho pródigo, Jesus nos diz que a principal causa do pecado é o egoísmo. A parábola trata da solução do pecado no mundo.
Jesus estava estabelecendo que o pecado é o egocentrismo que resulta em um relacionamento rompido, e a salvação é o momento em que esse relacionamento é renovado.
O filho pródigo partiu deixando o pai e acabou sozinho e perdido. Quando o acolhe na volta, o pai não menciona a vida desregrada que abalou a herança do filho, nem mesmo considera que o comportamento dele mereça punição. Ele se alegra porque o relacionamento foi restabelecido.
O egocentrismo situa-se no âmago dos problemas espirituais e psicológicos, porque tanto o pecado quanto a psicopatologia resultam da autopreservação a qualquer custo.
Mark Baker, menciona como o pecado e a psicopatologia são causados por relacionamentos rompidos, e como a salvação e a saúde psicológica acontecem quando os relacionamentos são reconstruídos. ▪︎
"Quem agarrar-se à própria vida a perderá." (Mateus 10:39)
▪︎ O ponto inicial tanto da salvação quanto da saúde psicológica é reconhecer que precisamos dos outros.
Do ponto de vista espiritual, necessitamos de um relacionamento com Deus para sermos completos.
De um ângulo psicológico, nossa saúde mental depende da nossa capacidade de nos relacionarmos bem com os outros. Se encararmos as outras pessoas como adversários dos quais precisamos nos proteger, nos tornamos defensivos e corremos o risco de prejudicar exatamente aquilo que estamos tão arduamente tentando proteger.
Jesus ensinou que os seres humanos são seres essencialmente de relação. Ele frequentemente mencionava a importância da nossa relação com Deus e com os outros. Para Jesus, a saúde espiritual acontece quando os relacionamentos estão intactos, e o pecado, quando eles estão rompidos.
Quando temos medo de que as nossas necessidades não serão satisfeitas, nos envolvemos em atos impulsivos de autopreservação ou em mecanismos de defesa para nos proteger.
Esses mecanismos infelizmente tornam-se psicopatologia que nos separa não apenas das outras pessoas como também do nosso verdadeiro eu.
Jesus declarou que os seres humanos não podem existir como ilhas; os psicólogos afirmam que não podemos ser completos sem nos relacionarmos com os outros.
Tanto o pecado quanto a psicopatologia resultam de atos desesperados de autopreservação que colocam o egoísmo no cerne dos nossos problemas espirituais e psicológicos.
Princípio Espiritual: O egoísmo é pecado e psicopatologia. ▪︎
"Assim como ouves o vento mas não sabe de onde ele vem, o mesmo acontece com o Espírito." (João 3:8)
▪︎ Mark Baker coloca que sempre acreditou que a terapia fosse um processo de movimento espiritual. A presença de Deus não é mencionada na terapia, mas isso não impede que Deus crie movimento em nossa vida. Quando seus pacientes percebem uma ausência desse movimento na terapia, ou seja, quando não sentem que as circunstâncias estão progredindo, eles se consideram "empacados". Depois, quando as circunstâncias começam fazer sentido e eles acham que a terapia está funcionando, fazem observações como: "Agora estamos indo para algum lugar." Embora, na sua maioria, os pacientes não tenham uma ideia clara de para onde querem ir, eles desejam chegar a algum lugar o mais rápido possível.
Jesus ensinava que o pecado é qualquer coisa que nos separe de Deus e dos outros. Esta é a mensagem que ele queria transmitir na parábola do filho pródigo. Se estamos avançando em direção a Deus e aos outros, estamos nos movendo em uma direção espiritual. Se nos afastamos, estamos nos movendo ao contrário. É por este motivo que o pai na parábola quis dar uma festa apenas por ver o filho fazendo um movimento em sua direção.
Uma das verdades espirituais da psicoterapia é que a meta não é chegar, mas fazer um movimento. O sucesso na terapia não consiste em alcançar o interior do círculo da saúde mental; consiste na capacidade de fazer um movimento em direção às outras pessoas. Os pacientes que compreendem isso aproveitam melhor a terapia e conseguem entender por que o pai do filho pródigo deu uma festa para comemorar o movimento de volta.
Princípio Espiritual: Pecado é afastar-se de Deus e dos outros.▪︎
▪︎ Quase todas as pessoas acham que arrepender-se significa sentir-se mal quando procedem errado. O arrependimento para elas é uma autopunição ou um sentimento de culpa que merecemos por fazer o que não deveríamos ter feito.
Jesus não via o arrependimento dessa maneira. Embora o filho indisciplinado na parábola do filho pródigo sinta-se mal e insista em afirmar que pecou contra o pai, Jesus mostra que o pai não se prende a esses sentimentos de culpa e alegra-se apenas por uma perspectiva: o filho mudou de ideia e voltou para casa. De acordo com Jesus, o ato de arrependimento do filho não aconteceu quando ele implorou o perdão do pai e sim quando decidiu mudar de vida e voltar para casa. O que fez a diferença foi o fato de ele ter mudado de ideia e de atitude.
A palavra grega "arrependimento" na Bíblia é metanoia, que significa mudar de ideia. É estar percorrendo um caminho em uma direção e decidir inverter o rumo e seguir por um caminho totalmente novo. Jesus falava sobre o arrependimento neste sentido. Ele não queria fazer as pessoas se sentirem mal a respeito de si mesmas; Ele queria ajudá-las a mudar. É a mesma situação que os terapeutas procuram fazer quando os pacientes os procuram.
O arrependimento desempenha o mesmo papel na psicoterapia. É preciso perceber a necessidade de mudar para que a terapia funcione. Para evoluir tanto espiritual quanto psicologicamente temos de modificar a nossa maneira de pensar e de agir.▪︎
Princípio Espiritual: As pessoas sábias estão sempre preparadas para mudar de ideia e de atitude; as tolas, jamais. ▪︎
"Ele conscientizará o mundo do pecado..." (João 16:8)
▪︎ Muitas pessoas acham que o consultório de um psicoterapeuta é o lugar aonde podem ir para atenuar sua culpa. Elas acreditam que a culpa é neurótica e que os terapeutas são especialmente treinados para ajudá-las a livrar-se dela.
Embora Jesus tenha dito que não veio ao mundo para condenar (João 3:17), Ele acreditava que há momentos em que devemos nos sentir culpados. A partir da perspectiva dele, nem toda culpa é má.
Jesus acreditava em dois tipos de culpa. O que os psicólogos chamam de verdadeira culpa, segundo Ele, era a culpa fundamentada no medo. A verdadeira culpa é o remorso que sentimos quando magoamos aqueles que amamos; ela nos faz ter vontade de corrigir as situações no nosso relacionamento com os outros. A falsa culpa é o medo da punição que está mais ligada à necessidade de nos protegermos depois que fazemos algo de errado.
A falsa culpa raramente beneficia o relacionamento com os outros. Na verdade, ela em geral nos prejudica e nos torna pessoas de convivência mais difícil.
Princípio Espiritual: A culpa motivada pelo amor cura a mágoa; a culpa baseada no medo só faz escondê-la. ▪︎
"Sede perfeitos, portanto, como o Pai celeste é perfeito." (Mateus 5:48)
▪︎ Várias crianças com problemas de auto-estima passam pelo sistema educacional sem serem notadas, porque nunca causaram problemas. As crianças barulhentas e indisciplinadas é que são identificadas como problemáticas, ao passo que as excessivamente perfeccionistas sentam-se em silêncio nas carteiras e passam despercebidas. No entanto, a inflexibilidade pode ser indício de baixa auto-estima tanto quanto o comportamento rebelde que visa chamar a atenção. O perfeccionismo é apenas uma maneira socialmente mais aceitável de lidar com a baixa valorização.
Parecer perfeito nunca foi sinal de saúde mental. Bem ao contrário. Ter a coragem de ser imperfeito indica muito mais auto-estima saudável do que fingir ser impecável. As crianças às vezes se esforçam intensamente para serem especiais porque têm medo de não serem amadas se não fizerem isso. Se as crianças não se sentem amadas pelo que são, elas aceitam a atenção que recebem pelo que se esforçam para fazer. A questão não é saber se o comportamento delas é ou não perfeito e sim a motivação que as leva a ter esse comportamento.
A palavra grega traduzida como "perfeito" na passagem da Bíblia - "Sede perfeitos, portanto, como o Pai celestial é perfeito." - pode ser traduzida por "maduro". Sabemos que jamais seremos perfeitos, mas que possamos continuar a amadurecer. Ter maturidade significa reconhecer que vamos continuar a pecar, mas seremos capazes de rever nossas ações e corrigi-las.
Jesus não definiu a maturidade espiritual como a ausência de imperfeições e sim como a presença da força. Não nos sentimos mais amados porque somos perfeitos; desejamos ficar mais maduros porque nos sentimos amados.
Princípio Espiritual: O perfeccionismo é uma máscara e não uma meta. ▪︎
"Se o teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-o."
▪︎ Jesus dizia que pecar significava cometer um erro. Mas Ele estava mais interessado nos relacionamentos destruídos por causa dessas falhas no que nos erros propriamente ditos. Por isso, Ele perdoava as pessoas com facilidade. Para Ele, o relacionamento, e não o erro, era o problema principal.
Para Jesus a questão ligada ao pecado não é o que foi feito no passado, mas as providências que podem ser tomadas hoje para resolver o problema.
"É inevitável que haja escândalos", disse Jesus, "portanto, tende cuidado" (Lucas 17:1-3). A seguir, Ele prossegue: "Se o teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-o." Ele estava primordialmente interessado em restaurar os relacionamentos pessoais. Jesus frequentemente adotava a perspectiva psicológica de não encarar o pecado como um problema que existe dentro das pessoas e sim entre as pessoas.
Princípio Espiritual: Às vezes o pecado é um problema que existe entre as pessoas e não dentro delas. ▪︎
"Porque este filho estava morto e voltou a vida, estava perdido e foi encontrado." (Lucas 15:24)
▪︎ Mark Baker, relata a partir de um atendimento terapêutico, a descrição: descobri que o fato de uma pessoa estar convicta de que tem um defeito é mais pernicioso do que a deficiência que possa vir a ser descoberta.
Jesus ensinou que o pecado acontece quando quebramos o relacionamento e que a salvação ocorre quando o restabelecemos.
Na parábola do filho pródigo, Jesus mostrava que a salvação envolve o reencontro com o nosso verdadeiro eu.
A psicoterapia funciona porque segue o padrão que Jesus descreve para o processo da salvação. Os bons relacionamentos nos curam.
A psicoterapia é o processo de ajudar as pessoas que estão perdidas a se reencontrarem. Ao estabelecer relacionamentos saudáveis com os outros, podemos reconduzi-los ao caminho da saúde psicológica.
Princípio Espiritual: Uma alma perdida é encontrada e não consertada. ▪︎
Temos tendência ao esquecimento e muitas vezes realizamos os rituais de forma puramente mecânica, esvaziando-os do conteúdo.
Jesus sabia que todos temos momentos em que precisamos de algo palpável que nos faça lembrar o valor dos nossos relacionamentos.
Às vezes precisamos de demonstrações físicas de que o amor existe, e os rituais concretos podem exercer essa função.
Os rituais religiosos podem ser positivos, desde que nos lembramos do seu objetivo.
Princípio Espiritual: Os rituais nos ajudam a lembrar o amor. ▪︎
"Eles estavam fatigados e desamparados, como ovelhas sem pastor." (Mateus 9:36)
▪︎ Para Freud, a religião era uma ilusão que as pessoas usavam para defender-se do sentimento de que estavam desamparadas no mundo. Segundo essa perspectiva, as pessoas vivem de forma superficial, escondendo atrás de rituais e regras religiosas, em vez de enfrentar significados e sentimentos mais profundos. Algumas pessoas de fato fazem isso, principalmente os fundamentalistas religiosos.
Jesus discordaria da opinião de Freud a respeito da religião. Para Ele, reconhecer a nossa impotência era um sinal de maturidade espiritual, e pedir a ajuda de Deus e dos outros era a melhor escolha a ser feita.
A religião não foi feita para ser uma defesa contra a sensação de desamparo; ela é uma resposta positiva a este sentimento que nos abre a um relacionamento com alguém capaz de nos ajudar quando precisamos.
Para Jesus, todos vivemos sensações de desamparo e todos necessitamos de Deus.
Princípio Espiritual: A saúde começa com o reconhecimento de que não somos Deus. ▪︎
"Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!" (Mateus 23:27)
▪︎ Embora Jesus certamente fosse discordar das conclusões de Freud a respeito de religião em geral, Ele concordaria com a crítica específica aos fundamentalistas religiosos. Jesus não gostava do uso distorcido da religião e a via como uma estrutura que torna mais fácil o relacionamento com Deus, e não como um conjunto rígido de regras que fazem as pessoas se sentirem bem ou mal.
Jesus queria que a Sagrada Escritura fosse usada para beneficiar o nosso relacionamento com Deus e com as outras pessoas e não para nos dar poder sobre elas. As pessoas às vezes acreditam que as escrituras contêm provas de que elas estão certas, quando na verdade estão espiritualmente erradas.
Quando as regras passam a ser mais importantes do que os indivíduos que as seguem, a religião pode tornar-se nociva.
Jesus considerava ofensivo as pessoas pegarem as Escrituras, que têm o potencial de uni-las a Deus e aos outros, e as usarem para exercer poder. Para Jesus, a religião deveria produzir compaixão e conexão e não arrogância e autoritarismo.
Princípio Espiritual: A verdadeira religião fortalece a compaixão e a ligação com Deus e os outros. ▪︎
"Quero misericórdia e não sacrifícios." (Mateus 12:7)
▪︎ Jesus ensinou que a rigidez das pessoas sempre causa vítimas.
No decorrer da história, muitas pessoas se engajaram em várias formas de sacrifício como parte da prática religiosa. Abrir mão dos desejos pessoais em benefício dos outros pode ser um sinal de verdadeira compaixão quando motivado pelo amor. No entanto, o sacrifício desprovido de amor é uma religião vazia.
Jesus acreditava que a religião destituída de amor é sinônimo de religião vazia. É por isso que Ele desejava misericórdia em vez de sacrifícios.
A adesão rígida a práticas religiosas que perdem de vista o propósito original de desenvolvermos uma relação de amor com os outros é uma religião negativa.
Jesus amava a religião, mas não concordava com a rigidez.
O problema não é a religião e sim a sua prática inflexível que priva as pessoas do que elas têm de melhor.
Princípio Espiritual: O problema não é a religião e sim a rigidez religiosa. ▪︎
"Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e então volta a apresentar a tua oferenda." (Marcos 5:24)
▪︎ Jesus sabia que algumas pessoas usam a religião, mas que outras a vivem. Jesus condenava seu uso para alcançar uma posição social, oportunidades de apoio ou poder sobre os outros. Seu propósito é nos trazer vida. Estava evidente nos ensinamentos de Jesus que o amor e a reconciliação com os outros são mais importantes do que qualquer ritual religioso. A prioridade de Jesus era clara: "Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão."
A religião tem um único propósito: ligar-nos amorosamente a Deus e aos outros.
"Não penseis que vim abolir a lei." (Mateus 5:17)
Jesus ensinou que a forma mais elevada de desenvolvimento humano é amar os nossos semelhantes. Embora devamos almejar a esse estado, não é fácil alcançá-lo. Todas as religiões contêm um conjunto de regras ou rituais que são usados para estruturar as atividades religiosas dos participantes.
As regras que Jesus praticava serviam para facilitar o amor aos outros Para Ele, os mandamentos de Deus existiam para ajudar os seres humanos a alcançar o seu estado mais elevado, desenvolvendo a capacidade de amar uns aos outros.
Princípio Espiritual: Quando o Amor é a Lei, nós nos apoiamos nela para nos desenvolvermos. ▪︎
Algumas pessoas têm dificuldade em relacionar-se com outras pessoas. Quando seus relacionamentos são ameaçados ou perdidos, elas os substituem por objetos. Esta é a definição de vício. O antigo problema da idolatria manifesta-se como o problema moderno do vício.
Apegar-se a um objeto para compensar a nossa necessidade de carência de amor pode funcionar, mas temporariamente. A euforia que extraímos da posse de certos objetos pode nos fazer esquecer que na verdade precisamos de algo mais profundo. No entanto, como o objeto é apenas um substituto do amor que trocamos nos relacionamentos, essa satisfação nunca é duradoura. Precisamos retornar repetidas vezes ao objeto para afastar os sentimentos de vazio e insatisfação.
Segundo Jesus, o ídolo é um substituto do amor porque é uma tentativa de colocar um objeto no lugar de um relacionamento amoroso. O vício é um substituto do amor pela mesma razão. Apenas um fato é capaz de curar o vício humano e expulsar a idolatria: o amor genuíno. Os seres humanos só ficam satisfeitos quando experimentam o que é verdadeiro.
Jesus não tinha uma palavra para vício, mas Ele compreendia que, quando criamos "deuses" que exigem a nossa atenção a ponto de destruirmos os nossos relacionamentos com outras pessoas, certamente estamos com graves problemas. A palavra que Ele usava para isso era idolatria.
Jesus disse algo ao homem rico: "Vende todas as coisas que tens, distribui dinheiro aos pobres." Jesus desejava que o homem percebesse que tinha substituído um relacionamento genuíno com Deus por "coisas".▪︎
Jesus nunca encorajou as pessoas a evitar o sofrimento na vida, porque ele não estava interessado em um alívio rápido. Ele não queria que as pessoas apenas se sentissem melhor, mas que elas efetivamente melhorassem. A idolatria pode momentaneamente evitar a dor, mas impede também o crescimento. Enquanto nos preocupamos com os ídolos, permanecemos imaturos. A idolatria ajuda as pessoas a evitar as coisas, ao passo que o crescimento só acontece quando as enfrentamos.
Princípio Espiritual: Os viciados veneram um Deus egoísta. ▪︎
Para Jesus, o propósito da religião era favorecer o relacionamento com Deus e com os outros e não substituí-lo.
Às vezes as pessoas usam a religião para se sentirem melhor, exatamente como os viciados com as drogas. No caso da idolatria, às leis e os rituais religiosos se tornam a "droga", proporcionando às pessoas à ilusão de serem melhores do que realmente são.
Princípio Espiritual: A religião é um caminho e não um destino. ▪︎
"Confiai em Deus." (João 14:1)
▪︎ Nem todo mundo que procura a terapia realmente deseja lidar com os seus verdadeiros sentimentos. O objetivo de algumas pessoas é simplesmente fazer com que seus problemas desapareçam, sem de fato procurar entendê-los. Quando a terapia é usada desta forma, ela corre o risco de se tornar uma espécie de droga viciadora. A tentativa de evitar sentimentos difíceis conduz ao vício, não a genuína expressão deles.
A terapia é extremamente útil para as pessoas que chegam à conclusão de que não têm respostas para seus problemas e desejam entedê-los.
Jesus acreditava que precisamos confiar em Deus. Para Ele, Deus é a fonte suprema de força e poder para viver a vida.
Algumas pessoas religiosas criticam a terapia acreditando que ela nos afasta de Deus. Em geral, quem acha isso tem pouca experiência com a terapia ou tentou usá-la como vício. Pelo contrário, as pessoas que se tornam mais maduras e conscientes através da terapia conseguem aprofundar a sua confiança em Deus e nos outros com muito mais liberdade.
Para Jesus, não havia conflito entre confiar em Deus e depender dos outros. Ele dependia dos amigos mais chegados e os estimulava a depender dele de uma maneira que fortalecia a confiança deles em Deus. A nossa capacidade de contar com os outros compartilhando os nossos sentimentos mais íntimos aprofunda a nossa capacidade de ter fé.
Princípio Espiritual: A Terapia é um processo de dependência saudável. ▪︎
"Confiai também em mim."
▪︎ Jesus pedia que confiássemos Nele, não porque fóssemos fracos e carentes, mas porquê esta é a única maneira pela qual podemos evoluir plenamente.
Jesus encorajava as pessoas a confiarem Nele e a contarem com Ele.
Ele não encarava a dependência como um problema, mas como algo necessário para uma vida espiritual realizada.
Jesus compreendia que os seres humanos precisam depender de Deus e dos outros para sobreviver. Tentar ser totalmente independente significa rejeitar a nossa natureza fundamental. Para Jesus, a nossa capacidade de ser vulnerável e acolher a nossa dependência é que nos conduz à totalidade.
Desenvolvemos a capacidade de nos acalmar ao sermos tranquilizados por aqueles que se preocupam conosco. Podem ser os outros, mas podemos ser nós mesmos quando nos fortalecemos emocionalmente.
Jesus sabia como encontrar a serenidade: permanecendo ao lado de Deus. Todos estamos em busca de segurança e só podemos encontrá-la se nos sentirmos protegidos dos perigos existentes na vida. Onde no universo poderíamos encontrar um lugar mais seguro do que do lado do nosso Criador? Jesus acreditava que só então poderíamos encontrar a paz de espírito. Para Ele, aqueles que encontram a verdadeira serenidade nunca estão sozinhos.
Princípio Espiritual: As pessoas verdadeiramente serenas nunca estão sozinhas. ▪︎
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei." (João 15:12)
▪︎ Jesus acreditava que o amor é a força mais poderosa do universo. Ele ensinou que Deus é amor e que o amor é a força criativa que supera todos os problemas do mundo. O amor é o ponto central dos ensinamentos de Jesus e é o elemento essencial para a cura do coração humano.
Jesus ensinou que a imagem visível de Deus na Terra não é uma coisa ou um objeto e sim a capacidade criativa de se relecionar. Ele nos conferiu a capacidade essencial de nos relacionarmos uns com os outros e com Ele. Por conseguinte, a imagem de Deus na Terra não é um objeto que um dia degenerará e será destruído, mas a capacidade eterna de se relacionar que transcende o tempo.
Princípio Espiritual: O amor cura. Amar os outros é a expressão visível de Deus. ▪︎
'Naquele momento aproximaram-se de Jesus os discípulos e perguntaram: "Quem será o maior no reino dos céus?"
Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Em verdades vos digo, se não for transformardes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus."
"E quem receber uma dessas crianças em meu nome, é a mim que recebe. Mas quem fizer pecar um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria para ele que lhe pendurassem uma pedra ao pescoço e o jogassem no fundo do mar." (Mateus 18:1-6)'
▪︎ Jesus ensinou que o que sentimos no coração determina quem somos. Ele falou em renascer, viver com fé e ter um coração de criança. Ele queria que fôssemos como crianças porque estas são inocentes, crédulas e abertas às suas emoções. As pessoas profundamente espiritualizadas têm consciência de suas emoções.
Jesus gostava de desafiar a maneira como as pessoas pensam. Para sermos grandes, disse Ele, precisamos ser pequenos. Para sermos líderes, precisamos servir aos outros. Para sermos profundos pensadores, temos que sermos capazes de sentir. Jesus ensinou que a identidade do ser humano é uma questão do coração.
Jesus amou, sentiu a ira, experimentou o medo, chorou de tristeza e viveu com coragem. Ele sabia quem era e agia motivado pelo que sentia, mesmo que isso não fizesse um sentido lógico para os outros.
Nossas emoções nos fazem conhecer quem somos e nos levam a fazer as coisas que fazemos.
Jesus queria que conhecessemos a gama completa das nossas emoções. ▪︎
"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses!" (Sócrates)
"Se não transformardes e não tornardes como crianças ..."
▪︎ Algumas pessoas relutam em agir de forma emocional porque a consideram uma atitude infantil. No entanto, existe uma diferença entre ser infantil e ser como as crianças. Ser infantil é ser imaturo e recusar-se a assumir a plena responsabilidade pelas próprias ações. Ser como as crianças é assumir responsabilidade e ao mesmo tempo ser capaz de entregar-se às emoções. Jesus atribuía uma grande importância ao fato de sermos como as crianças.
Ser infantil exige pouco esforço, mas é preciso força para nos abrirmos às emoções como fazem as crianças. Jesus sempre teve uma noção muito clara dos limites e permaneceu consciente das consequências das suas ações, mas tinha coragem de entregar-se às suas emoções. Isso fazia com que as pessoas sentissem próximas dele, enquanto que o seu senso de responsabilidade confiável as fazia sentir-se seguras em sua presença.
Jesus recomendou que as pessoas "se tornassem como crianças" para serem mais abertas e confiantes. Por incrível que pareça, não ter medo de manifestar a própria vulnerabilidade é a forma mais poderosa de viver.
Princípio Espiritual: Os atos infantis afastam, enquanto que as ações próprias das crianças atraem. ▪︎
"Deixai vir a mim as criancinhas." (Lucas 18:16)
▪︎ Quando acolhemos amorosamente todas as emoções que alguém nos traz, acontece exatamente como Jesus fazia.
Jesus sempre recebeu bem as crianças. Ele conhecia a importância de ser receptivo à abertura delas. Hoje sabemos que o cérebro humano precisa experimentar a acolhida aos sentimentos para poder desenvolver-se adequadamente.
Cada vez que uma criança é capaz de identificar um sentimento, como "Eu estou triste" ou "Eu estou feliz", ela desenvolve uma noção mais forte de quem é o "eu" que está tendo o sentimento. A criança aprende que é o seu "eu" que está tendo sentimentos tristes ou alegres e que eles não estão vindo de outra pessoa ou de outro lugar. Os pais que acolhem os sentimentos dos seus filhos estão na verdade ajudando-os a solidificar uma identidade que os conduzirá através da vida. Ajudar as crianças, e também os adultos, a identificar os seus sentimentos os ajuda a crescer.
O ardente desejo de Jesus de acolher as crianças é um modelo psicológico para nós. Ao receber com alegria e espontaneidade emocional das crianças, Ele estava estimulando o crescimento delas. A sua capacidade de acolher tornou-se a marca registrada da sua presença benéfica que era sentida por todos que o encontravam.
Princípio Espiritual: A identidade de uma criança forma-se mais no coração do que na cabeça. ▪︎
"Felizes os puros de coração, pois verão a Deus." (Mateus 5:8)
▪︎ Jesus ensinou que as pessoas espiritualizadas relacionam-se de coração para coração. O entendimento emocional cria um vínculo. Nós nos sentimos aprovados quando os outros concordam intelectualmente conosco, e somos confortados quanto eles nos protegem fisicamente, mas nós nos sentimos ligados quando compartilhamos com eles experiências emocionais. Os puros de coração têm uma conexão especial com Deus não apenas porque são sinceros, mas também por causa da sua capacidade de saber claramente como se sentem.
A conexão entre as pessoas só é plenamente exercida quando a intimidade é vivida pela expressão clara dos sentimentos. Como Jesus previu, é preciso pureza de coração para construir um relacionamento feliz.
Jesus nunca colocou o valor intelectual acima da pureza de coração. Ele sabia que as pessoas estabelecem contato através das emoções e que as nossas divergências mais sérias não são a respeito do que pensamos, mas o resultado de como fomos emocionalmente feridos.
Princípio Espiritual: A intimidade que vem de um coração puro é essencial num relacionamento. ▪︎
"Não se perturbe o vosso coração. Confiai em Deus: confiai também em mim."
▪︎ Jesus ensinou que a solução para sobreviver ao sofrimento é permanecer ligado a Deus. Se permitirmos que Deus permaneça conosco no sofrimento, por pior que este seja, podemos amadurecer e crescer durante os tempos difíceis. Qualquer coisa é tolerável se não tivermos que suportá-las sozinhos.
Algumas das pessoas mais sábias sofreram muito na vida, mas o mesmo podemos dizer de algumas das pessoas mais amargas. Jesus sabia que o sofrimento pode nos tornar melhores ou amargos. O próprio sofrimento dele era uma parte inevitável da sua vida, e enfrentá-lo foi fundamental para a sua missão na Terra.
Jesus demonstrou com vida qual é a maneira de sobreviver ao sofrimento. Mesmo nos momentos mais difíceis, Jesus nunca perdeu a sua ligação com Deus. Ele não tentou passar sozinho pelo sofrimento. E é isso o que Ele nos ensina.
Princípio Espritual: O sofrimento é tolerável se não tivermos que suportá-los sozinhos. ▪︎
▪︎ Algumas crianças que sofrem circunstâncias extremamente difíceis tornaram-se relativamente equilibradas, ao passo que outras que passaram por um sofrimento muito menor parecem psicologicamente mais prejudicadas. A explicação está na diferença entre dano psicológico e trauma psicológico.
O dano psicológico é aquele que sofremos quando somos atingidos emocionalmente. Isso acontece com todos nós. As pessoas que nos criaram podem deixar de satisfazer de maneira significativa algumas de nossas necessidades, e podemos também ser expostos a circunstâncias cruéis, ou agredidos por alguém de um modo que nos magoe profundamente.
O trauma psicológico acontece quando ninguém está presente para nos dar apoio e nos ajudar a compreender os danos que sofremos. Os danos psicológicos podem causar traumas que nos deixam com a impressão de sermos fracos, incompetentes, defeituosos e perseguidos. Um evento doloroso torna-se traumático quando adquire um significado negativo a respeito de quem somos. Os eventos traumáticos do passado podem transformar-se em demônios que nos perseguem a vida inteira. Ter a presença de uma pessoa que se mostre receptiva à nossa dor faz toda a diferença do mundo.
Jesus sabia que precisamos da ajuda dos outros quando somos magoados para evitar que os demônios voltem a nos ferir ainda mais.
Jesus sabia que todos sofremos danos, mas não temos que viver traumatizados por causa deles. Ele acreditava que, se compartilharmos o fardo das ofensas que recebemos com alguém em quem confiamos, poderemos evitar que elas se transformem em trauma. Se não procurarmos ajuda, os demônios do passado ficarão presentes.
Princípio Espiritual: O tempo por si só não é capaz de curar. ▪︎
"A vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não. A quem tem será dado, e terá abundância; mas de quem não tem, até mesmo o que tem será tirado. Eis por que lhes falo em parábolas: para que, olhando, não vejam e, ouvindo, não escutem nem compreendam. (Mateus 13:11-14)
▪︎ Podemos olhar diretamente para as pessoas sem vê-las, ou ouvir as pessoas falarem, mas não escutá-las. Jesus sabia que forças fora da nossa percepção consciente atuam na nossa mente, frequentemente impedindo que lidamos com as coisas que estão bem na nossa frente. Ele conhecia este aspecto da mente humana que hoje chamamos de inconsciente.
O inconsciente é uma maneira de descrever o modo como a mente filtra o pensamento. É o jeito que a nossa mente tem de evitar que pensemos a respeito de tudo de uma vez só. Como não podemos lidar com tudo de uma única vez, não podemos estar plenamente conscientes de tudo o que se passa na nossa mente em um determinado momento. O problema não é o fato de nossa mente operar inconscientemente e sim de não termos consciência disso.
Trabalhamos os nossos assuntos inacabados no inconsciente. Questões problemáticas ou não resolvidas do passado ficam armazenadas no inconsciente e são frequentemente revisitadas. Sem perceber, ficamos repetindo o passado na tentativa de corrigi-lo. Por isso é importante conhecer o inconsciente. Sem essa percepção, "estaremos sempre ouvindo, mas nunca entendendo", porque algumas coisas muito importantes que precisamos compreender estão ocultas no nosso inconsciente. ▪︎
"... vós vos apegais às tradições dos homens." (Marcos 7:8)
▪︎ Somos criaturas de hábitos. Encontramos segurança nas nossas rotinas e identidade nas nossas tradições. Alguns hábitos são bons e Jesus recomendou que seguíssemos certas tradições para nos relacionarmos melhor uns com os outros e com Deus. Ele sabia que precisamos de gestos concretos para expressar o amor nos nossos relacionamentos.
O problema surge quando ficamos presos inconscientemente aos hábitos, porque esta atitude nos faz repetir atividades do passado sem que nos apercebamos disso. Jesus não queria que as pessoas seguissem hábitos e tradições sem estar conscientes das razões pelas quais faziam assim. Seguir tradições pode ser benéfico, mas aderir inconscientemente a elas pode trazer prejuízos.
Jesus nos disse que tomássemos cuidado ao nos prendermos às tradições, não por elas serem más, mas porque com frequência as repetimos inconscientemente. A questão não é se temos ou não tradições familiares e sim por que as temos. Se as nossas tradições são fator de crescimento para a nossa família, elas são boas, mas, se acontece o contrário, precisamos prestar atenção à advertência de Jesus.
Princípio Espiritual: Os hábitos fundamentados no medo corrompem as tradições baseadas no respeito. ▪︎
"Limpa primeiro o interior do copo e depois todo o copo ficará limpo." (Mateus 2:26)
▪︎ Pensamentos inconscientes são experimentados como fatos. Como não sabemos que algo é inconsciente, temos certeza de que é verdadeiro. Quando vivemos baseados em pensamentos e sentimentos inconscientes, achamos que sabemos o que estamos fazendo, mas a verdade é que desconhecemos as razões que nos levam a agir de determinada forma. Jesus nunca pediu às pessoas que estivessem absolutamente certas com relação a si mesmas; Ele pedia que elas refletissem a respeito de si mesmas.
No nível mais profundo, todos nós vivemos em função das convicções armazenadas no inconsciente.
Elas guiam automaticamente o nosso comportamento sem que o percebamos. Quando essas convicções são negativas, nosso comportamento, com frequência, é autodestrutivo. Tomar consciência dessas convicções inconscientes é a única maneira de modificar o comportamento externo de uma forma duradoura.
Jesus sabia que o único modo de mudar o comportamento externo das pessoas era modificando o que elas acreditam interiormente. A não ser que sejamos capazes de ter acesso às nossas profundezas, estamos destinados a viver uma vida influenciada pelas marcas do passado. Mudanças no comportamento ou na aparência externa têm pouca probabilidade de durar se não descobrirmos os motivos enterrados na profundeza do nosso ser. Foi por esse motivo que Jesus nos disse para limpar primeiro o interior do copo.
Princípio Espiritual: A mudança duradoura acontece de dentro pra fora. ▪︎
"Jesus contou também a seguinte parábola para alguns que confiavam em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os outros: Dois homens subiram ao templo para rezar; um era fariseu, o outro, um cobrador de impostos. O fariseu rezava, em pé, desta maneira: 'Ó Deus, eu te agradeço por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo que possuo.' Mas o cobrador de impostos parado à distância, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu. Batia no peito dizendo: 'Ó Deus, tende piedade de mim, pecador!'
Eu vos digo: Este voltou justificado para casa e não aquele. Porque todo aquele que se enaltece será humilhado e quem se humilha será exaltado." (Lucas 18:9-14)
▪︎ Jesus criticava o amor-próprio excessivo porque acreditava que as pessoas que aceitam a depender de Deus e abrem mão da autossuficiência alcançam a plenitude. É preciso humildade para reconhecer que não somos Deus e saber que precisamos nos relacionar com Ele para sermos espiritualmente completos. Essa mesma humildade nos permite compreender que também necessitamos dos outros para sermos emocionalmente completos. Deixamos de ser humildes e fingimos ser superiores aos outros quando sentimos medo de admitir que temos necessidades deles.
A tendência atual da psicologia também reconhece a importância de dependermos dos outros. Não somos unidades autossuficientes e sim seres interligados.
O ponto de partida para a plenitude espiritual e psicológica é a nossa necessidade de ter um relacionamento com algo maior do que nós mesmos. A dependência saudável nos relacionamentos produz pessoas saudáveis. Precisar dos outros nos torna mais fortes e não carentes.
Os seguidores de Jesus não se consideravam melhores do que as outras pessoas pelo fato de precisarem delas para serem completos.
Ao contrário dos fariseus, temos que agradecer a Deus por sermos como as outras pessoas, porque isso nos coloca no caminho para conhecer a plenitude. ▪︎
"Todos saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros." (João 13:35)
▪︎ O que Jesus criticava como excesso de amor-próprio a psicologia chama de narcisismo, que acontece quando a pessoa tem uma visão grandiosa de si mesma para defender-se das próprias imperfeições. O narcisismo prejudica o relacionamento com os outros e cria uma barreira tanto para a saúde espiritual quanto para a psicológica.
Algumas pessoas não acreditam que a psicologia e a religião sejam compatíveis, chegando ao ponto de descrever as divergências entre elas como uma "guerra". Quando a psicologia é excessivamente narcisista e não admite que a religião tenha algo a oferecer para o entendimento do comportamento humano, ela é culpada de um excesso de amor-próprio. Quando a religião tem um amor-próprio exagerado e não admite que a psicologia tenha algo a oferecer para o entendimento do coração e da mente humana, ela é culpada de narcisismo. Aqueles que são suficientemente humildes para admitir que podem aprender com os outros sem os desprezarem estão no caminho da saúde psicológica e espiritual à qual Jesus se referiu.
Jesus não pregou uma filosofia de vida e não deixou um conjunto de regras religiosas para serem seguidas. Ele se expressava por meio de analogias, oferecia princípios espirituais e falava sobre o amor como a marca que distinguia aqueles que o seguiam. Ele disse: "Todos saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros", porque esta era a mais pura explicação da religião que Ele pregava. A religião de Jesus era sobre amor e relacionamento, não sobre regras.
A psicologia está reconhecendo que os relacionamentos saudáveis são a atmosfera necessária à nossa sobrevivência.
Princípio Espiritual: Os relacionamentos que encerram amor são a prova da verdadeira religião. ▪︎
"Eu vos digo que este homem ... voltou para casa justificado diante de Deus." (Lucas 18:14)
▪︎ De acordo com Jesus, Deus não exige que mudemos para que Ele nos ame; é porque Ele nos ama que Ele nos estimula a mudar. É nos momentos de paz em que ansiamos em nos tornar pessoas melhores e admitimos para nós mesmos que podemos crescer, que o sentimento de sermos amados por Deus nos estimula. O estímulo nos motiva a ser completos.
Jesus nos ensinou que temos um Deus que está intimamente interessado em tudo ao nosso respeito, não para julgar-nos por nossas más ações e sim por desejar o nosso crescimento. Cada um de nós é importante para Deus. Quando revelamos a Ele os nossos pensamentos e sentimentos mais profundos, Ele nos aceita pelo que somos. Esta é uma profunda fonte de estímulo.
Jesus ensinou que temos uma necessidade essencial de crescer e que o estímulo que vem de Deus nos encoraja para nos desenvolvermos. Qualquer pessoa que tenha criado uma criança conhece essa necessidade humana fundamental. Quer seja empilhando blocos ou tentando ganhar o Prêmio Nobel, precisamos que os nossos esforços tenham importância para outra pessoa. Necessitamos de estímulo para crescer.
Princípio Espiritual: Não mude para ser amado; cresça a partir do que você é. ▪︎
▪︎ Jesus ensinou que as características de cada pessoa como indivíduo são tão importantes para Deus que Este sabe o número "até mesmo de todos os fios de cabelo da vossa cabeça".
Jesus acreditava que cada um de nós possui características únicas que enriquecem nossos relacionamentos com os outros. As nossas personalidades distintas precisam ser apreciadas para que os nossos relacionamentos sejam completos.
Algumas pessoas têm dificuldade em compreender isso. Elas acham que se fizermos parte da mesma comunidade não poderemos ser diferentes em nada, ou seja, precisamos andar, falar, nos vestir, agir e pensar da mesma maneira para fazer parte do mesmo grupo.
Jesus não pensava assim. Ele acreditava que os relacionamentos mais fortes deixam espaço para as diferenças individuais entre as pessoas. A capacidade de conviver com essas diferenças é um sinal de saúde espiritual e emocional. Na verdade, as pessoas que têm os relacionamentos mais amadurecidos sentem prazer no fato de serem diferentes.
Princípio Espiritual: As diferenças não precisam significar divergências. ▪︎
"Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus."
▪︎ O poder que exercemos sobre os outros pode ser extasiante, mas o seu efeito é temporário. Jesus teve na vida a experiência sempre satisfatória de alcançar o poder com os outros. Para Ele, não existia poder isolado. Este fato era frustrante para os seus seguidores, porque muitos esperavam que Jesus se estabelecesse como um líder político e os indicasse para cargos influentes no seu reino.
Existem muitos tipos de poder: físico, político, financeiro, intelectual, espiritual, pessoal; a lista é bem longa. Embora algumas pessoas persigam o poder em todas as formas, Jesus só estava interessado no poder verdadeiro, aquele que perdura. Para Ele, o poder pessoal era uma ligação amorosa com os outros que resultava em algo muito maior do que a excelência individual.
Jesus sabia que César estava interessado em um tipo de poder que desaparecia quando Ele morresse, e é por isso que disse: "Dai a César o que é de César". Jesus estava interessado no poder que transcende a morte. Para Ele, o poder pessoal era o poder alcançado com outras pessoas.
Apesar de ter sido um dos maiores líderes espirituais da história, Jesus passou muito pouco tempo em lugares religiosos, pois quase sempre ficava onde as pessoas viviam. Ele estava interessado nas pessoas e exerceu grande influência na vida daqueles que conheceu.
▪︎ Os seres humanos não podem viver isolados, e por isso procuramos nos relacionar com os outros. A experiência de sermos conhecidos e entendidos nos confere a sensação psicológica de que tudo está bem. Temos que perceber que somos conhecidos pelos outros tal como somos - e não apenas pelo que fazemos - para nos sentirmos psicologicamente completos. Esse tipo de conhecimento é compartilhado entre as pessoas, pois são necessárias duas pessoas para criar o conhecimento pessoal. Quando ele se fundamenta na verdade, ambas as pessoas são transformadas e crescem.
Jesus acreditava que fomos criados com o propósito de conhecer Deus e sermos conhecidos por Ele. Um ponto central do Seu ensinamento era comunicar o poder transformador de conhecer Deus, que não é um conhecimento intelectual e isolado, mas uma experiência que só se dá no relacionamento.
Jesus demonstrou o seu poder pessoal, e mostrava seu poder milagroso e espiritual, mas gostava especialmente de comunicar o poder pessoal por meio de sua empatia pelos outros, fazendo com que suas vidas modificassem para sempre. Empatia é sinônimo de compreensão, e ninguém na história demonstrou ser tão capaz de evidenciá-la do que Jesus.
Princípio Espiritual: O conhecimento pessoal é criado entre as pessoas e não dentro delas. ▪︎
▪︎ Solidariedade é diferente de empatia. Solidariedade é o sentimento de compaixão por outra pessoa, que pode assumir a forma de calor humano, misericórdia ou mesmo piedade. Podemos ser solidários com as pessoas mesmo quando não as entendemos. A solidariedade era um dos aspectos do poder pessoal de Jesus.
Jesus não veio ficar entre nós porque "Deus amava tanto o mundo". Ele nunca se aproximou das pessoas transmitindo-lhes a ideia de que elas precisavam mudar para serem dignas de amor. Ninguém precisava fazer nada para conquistar o seu amor, pois Ele amava as pessoas por serem quem eram, com todas as imperfeições que pudessem ter. Jesus era poderoso porque era solidário com as pessoas.
Princípio Espiritual: A compaixão é um precioso instrumento de transformação.▪︎
"Aquele a quem pouco se perdoa pouco ama." (Lucas 7:47)
▪︎ Na época de Jesus, as pessoas também desejavam soluções imediatas. Elas preferiam os milagres ao trabalho árduo. Mas Jesus não estava interessado simplesmente em ajudar as pessoas a se sentir melhor; Ele queria que elas de fato melhorassem. Para Ele, isso significava lidar com as feridas do coração e dos relacionamentos que exigiam perdão e reconciliação. Ele sabia que às vezes era mais fácil dizer a uma pessoa fisicamente debilitada "levanta-te e anda" do que dizer "teus pecados estão perdoados". Curar fisicamente o corpo era fácil quando comparado com o arrependimento e o perdão necessários no coração humano.
A forma mais profunda de perdão é um processo de compreensão que exige esforço e mudança interior. Para chegar a este ponto, é necessário um processo mais ou menos longo. Quanto mais tomamos consciência de nossos sentimentos e os entendemos, mais podemos mudar de ideia e mais profundamente somos capazes de perdoar.
Jesus ensinou que o perdão é uma das ferramentas mais poderosas à disposição da humanidade. Muitos subestimam a importância psicológica do perdão. A vida de inúmeras pessoas foi transformada no decorrer da história humana por sentirem-se aceitas e perdoadas. Além disso, Jesus também ensinou que o perdão beneficia quem perdoa. O perdão remove os ressentimentos que nos impedem de desenvolver nossa espiritualidade. A frase "aquele a quem pouco se perdoa pouco ama" é especialmente verdadeira quando somos nós a pessoa que precisa de perdão.
Princípio Espiritual: Existem ocasiões em que perdoar a nós mesmos é o mais árduo ato de amor. ▪︎
▪︎ O objetivo de Mark Baker foi oferecer uma perspectiva sobre como os antigos ensinamentos de Jesus encerram poderosas ideias psicológicas capazes de influenciar hoje a nossa vida.
Jesus nos deixou a crença de que a conversa é um meio de comunicação positiva, tanto com as outras pessoas quanto com Deus.