A Expressão do Ser é Ser em Essência


Sabemos que no mundo literário os escritores fazem de suas lembranças contos de histórias em prosa poética, reflexiva, humorística e crônica entrelaçadas pelo fio condutor do desejo - o passado, o presente e o futuro - numa visão profunda do ser em direção ao autoconhecimento.

O autoconhecimento é a chave do aperfeiçoamento individual. O "Conhece-te a ti mesmo" requer um estudo do comportamento humano como um todo, uma visão ampla e integral do ser.

Permitir conhecer o valor da vida é perceber o que real e o que é ilusório. Desenvolver reflexões a fim de autoconhecimento traz a tona que é sempre possível dar respostas diferentes nas decisões de como conduzir a sua própria história, com dignidade e responsabilidade ao sentido da vida.

Eu aprendi com a minha história de vida hábitos e costumes sobre a palavra educar. Educar é compreender e incorporar o sentimento de respeito à dignidade da vida.

Minha história de vida, na infância e juventude, foi plena de convivências familiar e social: participação em encontros familiares, educacionais, religiosos, clube recreativo, passeios e viagens.

As lembranças resgatadas da memória 

Embora eu fosse uma menina tímida, sempre fui idealista; encontrava outros olhares diante de situações que envolvem valores e virtudes em histórias bíblicas, fábulas, composições, filmes, desenhos e nas ciências em gerais. O mundo que eu olhava, ouvia e recriava.

"Uma coisa é escrever como um poeta, outra como historiador: o poeta pode contar ou cantar coisas não como foram mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja."
(Dom Quixote de La Mancha - Cervantes)

No 3° ano do 2° grau, o Colégio Paroquial Nossa Senhora da Conceição foi interditado pelo Sistema de Ensino Arquidiocesano. Então, fomos transferidos. E a nossa história mudou. Mestre Padre Candinho e Mestres, sejam nas ciências exatas, humanas e biológicas sabiam lidar e ensinar pelas lacunas o valor dos valores na escrita, fala e gestos.

Naquele 3° ano, em outra escola, num certo dia escrevi uma redação que remetia a uma carta para o meu papai, fazia um ano que ele tinha ido pro céu. O professor de português deu a nota 9.5, mas me obrigou a ler a redação, senão dividiria a nota. Eu li a redação muito emocionada. E daí em diante, bloqueei a arte de escrever contos durante um longo tempo de minha vida.

Segundo Sigmund Freud, ali, onde é o seu Falo, se encontra o melhor. O que se caracteriza o Falo, se encontra nas suas diversas metamorfoses figuradas; e neste sentido, ser um objeto transformável.

O reencontro (eu e mim mesma) em escrever contos de histórias entrelaçadas em histórias, de certa forma me superando e me sentindo uma "metamorfose ambulante", aconteceu no decorrer do ano de 2019.

Posso dizer que foi um processo interno doloroso. Pois me deparei em situações pessoal e profissional.

Naveguei nas profundezas existenciais na busca de saber melhor quem eu sou. E através do autoconhecimento contínuo venho me lapidando a partir da minha própria vivência, do cotidiano e de potenciais existentes ao meu ser.

A vida é basicamente reconhecer quem somos; saber lidar com as limitações e desafios é mergulhar e dominá-los, acender e iluminar.

Quando recordo do processo de superação e cura de uma Tristeza profunda, em que desencadeou Tricotilomania, Artrite Inflamatória Inicial e Crises de Fibromialgia, tenho plena convicção de que "retirei os remos da água e confiei na embarcação divina". Eu não sabia até onde as ondas do mar iam me levar. Mas tem detalhes em verdades profundas:

“Se tens fé, cumpre saberes que tudo é possível àquele que crê.” (Marcos 9-23)

🎵 Quem me ensinou a nadar
Quem me ensinou a nadar
Foi, foi marinheiro
Foi os peixinhos do mar
Foi, foi marinheiro
Foi os peixinhos do mar 🎵

Os chamamentos do Maravilhoso Mestre Jesus ecoou em todo o meu ser, me convidando à transmutação.

"Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8:12)

Encontramos no passado os tesouros da humanidade registrados em linguagem de virtudes e valores.

Eu superei as minhas dores e fragilidades em busca de tratamento holístico, fitoterápico e autoconhecimento; resgatando, compreendendo e incorporando a simbologia da palavra perdão. Digo, por propriedade, o perdão nos liberta e o amor entrelaçado ao autoconhecimento é a cura de todos os males da humanidade. O amor é a senha. Conectar à Centelha Divina que habita em cada ser.

Quando eu era adolescente, apesar de minha visão idealista, não compreendia sobre o perdão e questionava a minha nobre mãezinha, que também já foi pro céu.

Como assim?! Que perdão é esse?! Como posso perdoar homens indesculpáveis?! E o que fizeram com Jesus?! Ninguém tinha permissão pra fazer o que fizeram com Ele! Perdoar, por quê?! Até hoje o desonham! Levam até o nome de Deus em vão, em gestos naturais!

E mamãe dizia: Ah, menina! Pegue a Bíblia e o Evangelho, senta, leia e estude! Aprenda e seja bem melhor pra ser feliz!

"Amar seus inimigos não é, pois, ter para com eles uma afeição que não está na natureza, porque um contato de um inimigo faz bater o coração de maneira bem diferente do de um amigo; é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança (...)" (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XII, item 3)

"(...) Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e mansos como as pombas." (Mateus, 10:16)

Esses resgates de memória fizeram parte do meu processo terapêutico e de autoconhecimento.

Para atingirmos o nível de consciência é essencial compreender as experiências de forma a remodelar os atos e as atitudes que os vivenciamos. Experienciar o perdão é olhar pra si mesmo revendo e ressignificando as emoções que envolvem em nossa intimidade. Para perdoar o outro é necessário exercitar a sensibilidade da empatia e da compaixão, compreendendo o que leva o outro a agir da forma que causa sofrimento diante certas situações. 

Podemos mudar nossa visão de mundo se tivermos oportunidade e permitirmos novos aprendizados que exigem de nós uma nova postura, de ampliar um novo olhar que estimula a reflexão em aceitar as mudanças integrando ao amadurecimento, e que nos leva a relacionamentos saudáveis e a uma convivência benfazeja.

"As dificuldades são o aço estrutural que entra na construção do caráter."
(Carlos Drummond de Andrade)

As dificuldades da vida são como provas educativas em nos promover, em compreender o que podemos aprender. O sentido é a trajetória do ser que modifica a significação do passado e do presente. O ser em transformação.

Enfrentar as adversidades com dignidade, honra e fé responsabilizando-se, traz como recompensa a liberdade para lidar com as situações como processo de aprendizagem e maturidade a serem encaradas na construção de uma vida harmoniosa e saudável.

"A verdadeira fé é o nível de confiança que devemos ter". (Jesus Cristo de Nazaré)

Assumir a autorresponsabilidade em se tornar autor da sua liberdade, criar a si próprio e permitir o autoconhecimento, tomado consciência em boa vontade, permite o alcance de desejos e necessidades em objetivos traçados.

O encontro é com o próprio interior, e parte do entendimento de que é preciso estar consciente da vida que almeja ter, canalizando boas energias para o planejamento de ações, assim alcançá-las num presente cultivo e gratificante.

Moral da história: A verdadeira autorrealização está no equilíbrio, na capacidade de entender e compreender o mundo, e aprender a viver acendendo uma luz em seu interior.

Gratidão! Gratidão é sempre um nobre sentimento profundo de pertencimento e reconhecimento;

Jane Freitas Ribeiro